terça-feira, 23 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DA CRIANÇA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO

RESUMO


A matemática e suas implicaturas. É complexo analisarmos o processo de desenvolvimento lógico-matematico da criança, porém importante, pois nós somos os agentes que mudança e aprendizagem que podem contribuir para a formação desta criança. Piaget foi um educador que trabalhou este processo de forma lógica e objetiva, dentro deste contexto analisamos sua contribuição e buscamos formas, métodos e conceitos para trabalhar o pensamento matemático e a autonomia em sala de aula.
Palavras-chave: Criança; Lógico-Matemático; Pensamento.



1 INTRODUÇÃO


A Matemática e sua complexidade. Ela surgiu há muito tempo atrás e a cada ano que passa evolui, pois vão surgindo novas teorias e métodos de aplicação desta ciência dentro das escolas e na vida cotidiana do ser humano. Não vivemos sem a Matemática. Ela está presente em todo momento de nossa existência, desde quando levantamos até quando vamos repousar, pois vemos as horas, pagamos o ônibus, fazemos compras entre muitas outras ações que nos levam a perceber a importância e influência desta ciência tão enigmática em nossa vida.
Defino a Matemática como uma ciência que trabalha o “raciocínio lógico e abstrato”. Existem muitas definições, mas entendo que esta seja a mais lógica.
No ambiente escolar a Matemática tem sido um problema para muitos alunos, pois é uma disciplina que exige muito do educando.
O processo de ensino-aprendizagem da matemática é complexo, um grande desafio para nós futuras educadoras, mas é parte integrante da vida de cada indivíduo e necessita-se sua compreensão, sendo assim, neste pequeno artigo, buscarei mostrar a construção do pensamento lógico-matemático da criança, sua importância na vida desta, o porquê da autonomia neste processo, alguns métodos a serem trabalhados e o que nos dizem as normas e regras que cada Estado deve seguir, conforme seus Conselhos de Educação, Suas Propostas Pedagógicas, sem falar no processo de ensino-aprendizagem – lógico- matemático baseado teoricamente em Piaget, um grande matemático que revolucionou a História da Educação Mundial.


2 CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO LÓGICO MATEMÁTICO

"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas”.( Jean Piaget)


Para falarmos em Matemática, precisamos falar em números. A base da matemática são os números, até certo ponto, é claro. Sabemos que eles provavelmente surgiram com a história dos criadores de ovelhas que passaram a colocar dentro dos saquinhos pedras, cada vez que uma ovelha passava, uma pedra era posta ali, para que eles não perdessem nenhuma ovelha, daí surgiram os números.
A criança já nasce num mundo onde os sistemas numéricos estão presentes e acaba envolvendo-se e relacionando-se com este meio de quantificar as coisas. A TV é um exemplo disso, onde as crianças vêem os números dos canais, diversas quantidades, também fazem compras com seus pais, dentre outras ações que fazem parte de nosso cotidiano e nos mostra que a Matemática é intensa e presente.
Ao ingressar na escola a criança já possui algumas básicas noções de quantidade, mas não sabe ao certo suas qualificações e seu conceito numérico. Mas então me vem à mente a seguinte pergunta: Como a criança adquire tal conhecimento? É através do pensamento. Da sua Naturalidade.
O educador Jean-Jacques Rousseau (1983), um grande educador Suíço, nos fala que a criança desenvolve-se naturalmente, o que deixou bem explícito em sua obra “Emilio”. Para ele,


“O homem nasce livre e por toda parte está a ferros [...] O único hábito que se deve permitir a uma criança é o de não adquirir nenhum [...] o homem nasce bom, puro, naturalmente belo, mas é a sociedade que o corrompe”.


Mas Piaget (1978) foi o educador que trabalho mais a área psicológica da criança. Para ele, o pensamento humano é construído através da participação do grupo social ao qual ele está inserido. Ele considera o pensamento lógico-matemático uma eterna construção, resultante da ação mental das crianças sobre o mundo ao qual estão inseridas, ou seja, acontece quando a criança passa a compreender e pensar no seu mundo, no seu cotidiano, nas ações que irá realizar.
A princípio a criança trabalha a quantidade como sendo “muita” coisa, sempre associa quantidade ao objeto, um exemplo disso é uma menina que diz ter duas bonecas, mas não sabe o que quer dizer a palavra dois, o significado do número dois, tem duas bonecas, mas não sabe o que significa, ela não tem a noção exata deste fato e na escola irá aprender que vai muito além.
Na verdade, pelo que li, analisei, a criança aprende sozinha, até certo ponto a desenvolver o seu pensamento lógico-matemático, pois as sociedades impõem a ela problemas aos quais terá necessidade de resolvê-los. Não podemos esquecer que a criança já possui suas pequenas experiências e isso deve ser levado em consideração na aprendizagem. Diz Piaget (1974):


"[...] só falaríamos de aprendizagem na medida em que um resultado (conhecimento ou atuação) é adquirido em função da experiência, essa experiência podendo ser do tipo físico ou do tipo lógico-matemático ou os dois".


O pensamento lógico-matemático é de suma importância já na educação infantil, pois é ali que a criança adquire a sua autonomia.
Toda criança necessita de sua autonomia, para isso um trabalho bem feito e produtivo em sala de aula, a aplicação do cotidiano e atividades problematizadoras trarão entre muitos benefícios, a criança, a necessidade da solução de problemas, propiciando assim não apenas a construção de sua autonomia, mas sim o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático.


3. METODOLOGIA E ASPECTOS LEGAIS


Toda instituição de cunho social ou cultural precisa seguir algumas normas e regras para o seu bom funcionamento.
Nosso país possui os Parâmetros Curriculares Nacionais que nos trazem um embasamento sobre como deve ser trabalhada a Matemática em sala de aula e qual a sua importância.
Conforme o PCN’s,


[...] “a Matemática desempenha papel decisivo, pois permite resolver problemas da vida cotidiana, tem muitas aplicações no mundo do trabalho e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. Do mesmo modo, interfere fortemente na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na agilização do raciocínio dedutivo do aluno.”.


Ou seja, a matemática ajuda intelectualmente e socialmente à criança. Ele nos trás alguns caminhos de como trabalhá-la em sala de aula.
Os métodos que mais utilizamos é o lúdico, porém no Ensino Fundamental a aplicação deve mais rigorosa e intensa, não behaviorista mais onde o professor possa ser o transmissor de conhecimentos. Os jogos é uma grande opção. Conforme a Proposta Curricular de Santa Catarina (2005),

“[...] organizar as ações da escola com base nos jogos e brincadeiras, visando construir na criança conhecimentos sobre o mundo, sempre levando em consideração os contextos a qual ela está inserida”.


Não podemos nos esquecer do método Montessori, os seus jogos que nos ajudam e facilitam nosso trabalho. Hoje o educador possui inúmeros materiais didáticos para o trabalho, como tampinhas de garrafas, papelão, latinhas, caixas de fósforos entre outros reciclados que pode fazer de uma simples aula de matemática, uma grade aula de descobertas e já trabalhando também a interdisciplinaridade em temas transversais como o meio ambiente.
As escolas que possuem sala de informática têm uma ferramenta a mais de trabalho, com seus excessivos cuidados é claro.
Sem falar nos métodos tradicionais que os educadores já utilizam em sala e passam de geração em geração, já se tornou algo cultural, porém falta um pouco de boa vontade e autonomia dos educadores para buscar trazer algo novo nos métodos de lecionar.
Hoje há diversos educadores que trabalham feirinhas, mini-mercados em sala de aula, isso é interessante, porém desde cedo já escravizam as crianças ao mundo do capitalismo, já os fazem pequenos capitalistas. Sobre isso nos diz Marx (1818),


“Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites [...] o capitalismo gera o seu próprio coveiro”.


Na educação infantil o melhor método utilizado para desenvolver o pensamento lógico-matemático é o lúdico. Toda criança aprende brincando, pois através do brinquedo ela interage com o mundo, com sua imaginação, seu corpo, sua vida, sua totalidade. O brinquedo cantado é algo indispensável na Educação Infantil, às cantigas de roda, todas as músicas infantis, ajudam a desenvolver a linguagem da criança, algo que também envolve a razão e a emoção. “Cantigas e rimas aliadas a gestos e danças, auxiliam no desenvolvimento lingüístico e físico da criança”. (P.C.S.C. pág. 58).
É através da música que expressamos os nossos sentimentos, é ali que o professor perceberá se a criança sofreu ou sofre abuso sexual, violência ou outro problema que a envolve. É muito importante fazer a contextualização da música, desenhá-la, interpretá-la visando desenvolver as percepções táteis, visuais e sensoriais, além do lógico-matemática, é claro.
A linguagem matemática é algo trabalhado com muita dificuldade nas creches, pois se ensina as regras e não o conceito. O jogo, blocos lógicos, figuras geométricas, quebra-cabeça, tangram, são meios concretos que ajudam a desenvolver esta linguagem, a criança precisa tocar no objeto, senti-lo, colocar na boca muitas vezes, mas é assim que ativa a sua capacidade cognitiva. Conforme a P.C.S. C ,(pg. 62),


“A organização espacial é outro principio norteador da pratica pedagógica que pode, dependendo de sua estruturação facilitar ou dificultar a vivencia da infância”.


A criança é o sujeito de ensino e desde pequena precisa aprender e descobrir o mundo, para poder desenvolver-se matematicamente. O professor deve facilitar a aprendizagem e não deve esquecer que tudo na vida tem o seu tempo e na educação não é diferente, ela tem etapas e não deve ser puladas. A criança aprende dentro de suas potencialidades.
Não podemos nos esquecer que a criança precisa desenvolver a sua autonomia, esta não pode viver dependente de tudo e de todos, ela precisa aos poucos aprender a fazer as coisas por sua própria conta e o professor junto com a família devem fazer este trabalho, a criança também precisa desenvolver a sua capacidade de pensar, fantasiar, imaginar, refletir, a criança cria um mundo dentro de si, ilusório às vezes, mas necessário ao seu desenvolvimento.
A criança é um ser que precisa ser amada e cuidada, pois muitas vezes sabemos que a criança não tem o amor que precisa de seus primeiros educadores, pois conforme Rousseau (1759, pg. 147), “Vossos pais serão seus primeiros educadores.”
O professor deve proporcionar situações interessantes com materiais variados para trabalhar as relações matemáticas, fazendo com que os alunos progridam seu conhecimento matemático.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os conteúdos matemáticos são de extrema importância para o desenvolvimento do ser humano por completo. Vêm-me a mente diversas perguntas e pequenas respostas sobre o nosso papel como educadoras nesse processo, pois é na educação infantil que a criança basicamente desenvolverá seu pensamento lógico-matemático e no ensino fundamental aprenderá como elevá-lo de forma que venha contribuir para sua vida. Sendo assim, o professor pode tanto contribuir com seu aluno, como prejudicá-lo em sua jornada.
É importante o professor propor situações e estar atento nas atividades do cotidiano das crianças, pois ela aprende com tudo a sua volta, internaliza seu conhecimento através da resolução de situações-problemas a elas impostas. Caberá ao professor, como mediador, organizador, facilitador do processo de aprendizagem, criar situações que incentivem o aluno a buscar informação para a construção de novos conhecimentos. A escola deve ser aberta e deixar o aluno livre. Rubem Alves (2002, p. 29), onde ele falava sobre a escola de uma forma filosófica:


“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas. Escolas-gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Engaiolados são os pássaros sob controle. Seu dono pode levá-los aonde quiser. Deixaram de ser pássaros, pois, a essência dos pássaros é o vôo. Escolas-asas não amam os pássaros engaiolados, amam os pássaros em vôo. Ensinar o vôo não podem, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo pode ser encorajado.”



5. REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. “Por uma educação romântica”. Portugal. Papirus. 2002.
MARX, Karl. Frases disponíveis em:
PARAMETROS CURRICULARS NACIONAIS: Matemática. Ministério da Educação e do Desporto: Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, 1997.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1976.
PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: Secretaria de Estado da Educação e do Desporto: Coordenadoria Geral de Ensino, 1988.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. “Emilio Ou da Educação”, Tradução de Lourdes Santos Machado. 3.º Ed. São Paulo. Abril Cultural (Os Pensadores), 1983.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Frase disponível em: http://www.frasesfamosas.com.br/de/jean-jacques-rousseau.html

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