quarta-feira, 22 de agosto de 2012

RESENHA DO LIVRO “AVALIAÇÃO QUALITATIVA” DE PEDRO DEMO

SOBRE O PREFÁCIO



O prefácio de Moacir Gadotti, do livro “Avaliação Qualitativa”, mostra Pedro Demo como um educador de respeito e cujo livro deve ser lido, inclusive por possuir idéias bem originais e ousadas. Ainda assim, percebemos em Gadotti, umas “alfinetadas ideológicas” no autor, no sentido de esperar dele mais engajamento na luta pela transformação radical da sociedade capitalista rumo a uma sociedade verdadeiramente igualitária.



SOBRE “UM ENSAIO INTRODUTÓRIO”



Pedro Demo procura não supervalorizar nem a qualidade, nem a quantidade. Notamos que cada uma delas além de ter perspectiva própria, podem se completar sem se confundir. Daí mostra que a mais eficiente, a mais sofisticada das metodologias não significa qualidade. Veja algo sobre isto:“A mera satisfação metodológica em torno de dados qualitativos não os transforma em qualitativos e vice-versa” (DEMO, pag. 12).
Mais adiante uma cortante critica de Pedro Demo à apatia política, diríamos de modo mais claro: a ignorância sociológica, coisa que tanto vemos até nos cursos de Doutorados. Na realidade a isto ele chama de “pobreza política”. E clareia:




 “A pobreza política externa é aquela que é percebida como condição histórica natural e normal, onde a manipulação não é despercebida, mas até mesmo desejada, porque incorporada ao ritmo da vida tido como normal... talvez não estejamos habitados a considerar isto uma violência, pois não se vê derramamento de sangue em nenhum lugar, nem a presença visível de estilhaços materiais de alguma explosão. Mas é uma violência, que mutila e mata de outra maneira, exterminando a qualidade de vida.” (DEMO, pag. 15).

Demo não fica na superfície, aprofunda criticamente a relação questionamentos valores e ideologias em geral. Veja esta parte:


"Na qualidade não vale o maior, mas o melhor, não o extenso, mas o intenso; não o violento, mas o envolvente; não a pressão, mas a impregnação". (DEMO pag. 18)

E assim, o autor coloca a identidade cultural comunitária como “a porteira da participação porque dá à luz a força aglutinadora de um grupo humano que decide se autodeterminar, superando sua condição de massa de manobra” (DEMO pag. 18)
No método da observação, Demo exige vivenciar, não só observar, mas na verdade participar inteiramente.
Quanto às Dimensões dos Fenômenos Participativos, Demo destaca:
¥ Liderança por eleição
¥ Legitimidade por estatuto
¥ Participação da base
¥ Planejamento participativo


ALGUMAS PEGADAS,


É o titulo de um capitulo do autor, que desfere criticas negativas a muitos intelectuais que conforme ele, que se dizem dialéticos. E ataca os abusos metodológicos.
Com respeito aos usos, o autor prioriza três, para uma avaliação qualitativa: a convivência, a vivência, e a identificação ideológica.
Demo se concentra na questão ideológica, porque esta faz parte da vida. mas adverte muito bem, que o problema ideológico deve ser tratado,

“... de modo adequado, ou seja, sem camuflá-lo-como faz a ciência usual-mas igualmente sem torná-lo sucedâneo da ciência... ideologia precisa ser controlada, porque não é ciência, por mais que faça parte integrante do processo cientifico. Quando a dialética afirma que o erro faz parte da verdade, não diz que erro é verdade, e, por conseqüência, também assume a tarefa de combatê-lo, mesmo sendo um inimigo dentro da própria trincheira.” (DEMO, pag. 38)

CARICATURANDO EXEMPLOS

Na avaliação qualitativa de uma escola o autor defende a formação cidadã das pessoas, uma formação política, e não só informação; como se “conduzem os alunos, tantas decisões ou apenas obedecem? E o material didático também é questionado; se desenvolve a personalidade do jovem, ou se o domestica.
A consciência sociológica do professor e sua conduta cidadã também entram na avaliação qualitativa. E mais: a relação da escola com a comunidade, discutindo, debatendo, participando realmente da vida social.

Dialética da Qualidade

O autor crítica a banalização da dialética, mas defende seu uso. Esclarece sobre “Espaço político, defendendo a participação do ser humano como condutor da historia, e não como mero joguete. E o espaço educativo, como espaço político no âmago”. (DEMO, pag. 59)
Apreciamos algumas posturas de Pedro Demo, inclusive pela ousadia. Ele –por exemplo – não tem medo de falar em felicidade! E nunca critica ao hedonismo hoje- afirma:


“Ser feliz não pode significar busca frenética e louca do orgasmo permanente, que já seria obsessivo, mecânico e infeliz. O orgasmo bem praticado –com qualidade política –depende também de condições objetivas, externas, materiais, mas é, sobretudo conquista qualitativa, sensibilidade exuberante, arte consumada a dois.” (DEMO, pag. 66)


SOBRE EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA


Um ensaio sobre ideologia política e, particularmente sobre o socialismo e sua pratica, é o que se vê neste capitulo, onde Demo, sem desprezar os fatores econômicos, realça a importância dos fatores políticos. 
E ai, o autor divide o espaço político de atuação histórica em quatro posições:
1) A revolucionaria: derrubada de um sistema por outro predominantemente novo.
2) A reformista: mudanças dentro do sistema.
3) A conservadora: manter o sistema como está.
4) A reacionária: retorno a um sistema anacrônico.
Em banalidades da educação transformadora, Demo nega o discurso do professor que atribui à diferença do estudante aos seus conselhos, como fator principal do atraso educativo. Alerta também pra que não se desconheça os limites das ações históricas do estado.
Outra banalidade se verifica nos discursos de professores universitários que falam em transformação, porem servindo ao conservadorismo das universidades. Veja:


Faz parte de nosso espírito critico –ainda que trôpego e combinado –reconhecer que as universidades esta entre as instituições mais conservadoras da sociedade atual. Como toda instituição importante, sabe antes de mais nada defender-se. Pelo simples fato de ser um espaço social elitista, dedicado a forjar uma das elites sociais, já bastaria para elaborar a tendência histórica conservadora, na lógica dos privilégios.” (DEMO, pag. 83)


A quarta banalidade para Demo esta na postura dom professor que se diz transformador, mas é domesticador. Aos fins, Demo é impiedoso com os intelectuais, considerando-os cúmplices do sistema, ainda que faca pose em seus discursos. Acredito haver exageros nesta postura, mas que, de certo modo, é verdadeira. E se é muito meio verdadeira, o professor não faz então uma verdadeira avaliação qualitativa, não só da escola (pois o livro fala pouquíssimo sobre ela), mas da vida em geral. Acredito que muitos estudos ainda precisam ser feitos sobre estas 
temáticas neste livro trocadas.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ


RESUMO


Este pequeno artigo nos relata a constituição federal e suas limitações em relação à educação. Não podemos dizer que tudo é perfeito, pois vivemos em um desacordo constante com nossa sociedade, talvez por isso o ser humano sofre tanto.
Palavras-chave: Constituição; Educação; Povo.



1 INTRODUÇÃO


Nosso país está em constante evolução, isso está bem claro em tudo que vemos, fazemos, sentimos. Quem mais sofre com isso, somos nós brasileiros que estamos sempre buscando a melhor forma de sobreviver.
Desde sua existência, o país passou por muitos períodos, mas podemos dizer que o mais importante é o agora, contemporâneo, pois apesar de tudo, estamos melhorando, indo em busca de soluções para resolver nossos problemas sociais, étnicos e culturais, que infelizmente enfeiam esse país tão conhecido no exterior por suas belezas naturais e culturais. Só quem vive aqui sabe do que acontece.
Houve muitos momentos em que o brasileiro era tratado como um animal, alguém que não pensa, sem direitos e com muitos deveres. Foi então que em 1986 o PMDB junto de seus aliados políticos, decidiram mudar com estes problemas e implantaram a Constituição de 1988, que além de todos os benefícios que ela nos trouxe, mostrou que o ser humano deve ser educado para respeitar, e respeitado por pensante, agente de mudança.
Nosso enfoque está na educação, mas não podemos deixar de falar da grande revolução que esta constituição trouxe como um todo. Ou seja, o seu humano vivia aprisionado e passou a ser “livre”, saiu da prisão, hoje pode expressar suas idéias, conceitos e princípios. Sobre isso, Einstein (1879), nos diz que,


“O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos, como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto apenas pelas pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá atingir completamente este objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior.”


Nosso enfoque na Constituição está dentro da educação e iremos analisar seus conceitos, sua importância, relembrar as constituições que existiram, quais benefícios nos trouxe, dentre outros assuntos constitucionais.



2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: A LEI DA CIDADANIA?



Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”. (Paulo Freire)

Nosso país teve em sua história sete Constituições Federais, algumas deram enfase maior a educacao e ao homem por completo, outras nem tanto, passaremos a analisar cada uma delas.
A primeira Constituição foi a de 1824, outorgada por D. Pedro I, previa ao Brasil ser regido pelos tres podderes, Legislativo, Executivo e Judiciário. Foi na verdade uma cópia da Constituição Americana, onde a educação não foi levada em conta, apenas falou o que caberia a cada poder em relação a isso e obrigou o ensino católico, Jesuítico nas escolas. Essa Constituição perdurou por mais de um século.
A segunda foi a de 1934 que deeu novos olhares para a educação. Sentiu influência do movimento escolanovista, passou a falar mais sobre a educação em todos os seus níveis, primário, secundário e superior. Obrigou o ensino laico e deixou a critério de cada escola sobre o ensino religioso. Deixou a cargo da União ações como formulações de diretrizes, planos e projetos para a educação.
A outra Constituição foi a de 1937 que trouxe avanços e a de 1946, foi basicamente uma copia. Ambas falavam sobre o ensino obrigátoria para crianças. Com a ditadura militar tudo piorou. Foram construidas escolas enormes que pudesse atender a todos os alunos, mantendo-os em apenas um lugar, passou a ser obrigatória disciplinas cívicas e excluídas as de Filosofia, Sociologia, apenas eram permitidas disciplinas que falassem bem do governo atual.
A ultima Constituição é a que vivemos hoje, a de 1988. Ela trouxe valores para o ser jumano, bem como ótimas soluções para a educação, vendo nela soco agente de apoio e solução para alguns problemas e marcas deixadas pela ditadura.
Esta lei prevê as seguintes soluções assim como constam em seus artigos:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
É lastimável saber que a lei é bonita, bem estruturada, porém muitas vezes não passa do papel. Nem todo cidadão possui direito aos estudos, é comum vermos criança pedindo esmola o dia todo, jogadas nas ruas ao invés de estarem nas escolas aprendendo. Não vivemos um país de igualdade. A qualidade de ensino é ruim, já foi pior, mas continua ruim. O ensino nao é gratuito, sempre temos gastos com a educação. Sem falar que ela ainda diz que o professor é valorizado:
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas.
É mentira dizer que o professor é valorizado. Em Florianópolis a pouco tempo uma professora foi agredida, isso é valorização? Nem os direitos humanos não são mais respeitados.
Em seus artigos seguintes diz:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
É bom saber que o Estado têm o dever de dar educação, mas nem sempre é assim. As pessoas não possuem acesso à escola, os meios de transportes estão cada vez piores e as crianças correm sérios riscos de vida. Como ainda podem falar em educação infantil, onde milhares de crianças não possuem esse acesso.
A lei possui as suas vantagens, seus atos bons, porém fica apenas no papel o que me lastima.
Só me resta terminar este artigo com uma frase cruel do filosofo Diderot (1713),
“O mundo só será melhor no dia em que o último rei for enforcado pelas tripas do último padre”.
Sem comentários, forte e realístico demais...



3 CONCLUSÃO


Termino este paper com uma simples pergunta, até quando? As vezes me perco filosofando sobre meu papel nesta sociedade, qual minha missão, o que Deus quer que eu faça, sempre me encontro chorando, angustiada sem motivos, sou poeta, talvez isso explique, me perco na desilusão ao ver uma criança pedindo esmola no Bobs e eu ali sentada me alimentando, enquanto outras estão famintas, para que existe a lei? Estamos sempre na contramão da vida, talvez se a lei falasse que poder-se-ia roubar, ninguém roubaria, ou que ninguém deve ter direito a escola, talvez todos estudassem, lamento-me ainda mais porque sou educadora e tenho a função de mostrar ao mundo que não se anda na contramão da vida e sim acompanhando ela. Hoje compreendo Marx (1991), quando fala em sua obra “O Capital” que “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência”.


4 REFERÊNCIAS


CONSTITUIÇAO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm
DIDEROT, Denis. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Denis_Diderot
MARX, Karl. “O Capital”. São Paulo-SP - Editora Bertrand, 1991
PALMQUISTES, Palmquistes. Frase disponível em:http://frases.netsaber.com.br/busca_up.php?l=&buscapor=Theodore%20Palmquistes