quinta-feira, 21 de abril de 2011

CAMINHOS PERCORRIDOS ATÉ DESCOBRIR O PRINCÍPIO ALFABÉTICO


RESUMO

A alfabetização é um processo pelo qual o educador mostra a criança o mundo das palavras, onde juntos descobrirão que educar vai muito além que alfabetizar. Ao sairmos da educação infantil e ingressarmos na escola percebemos que nossa vida muda, pois ali a criança passa a ter intelectualidade, aprende que a leitura é fundamental e que a educação para nossas vidas é muito importante.
Palavras-chave: Alfabetização; Escola; Educar.

1 INTRODUÇÃO

Desde a descoberta da escrita até nossos dias atuais, ocorreram muitas mudanças, tanto na metodologia de alfabetizar, como no sentido de alfabetizar.
A alfabetização é algo que está sempre em evolução, inúmeros métodos e teorias foram tornando-se ultrapassadas e a cada dia que passa, novas formas de alfabetizar vão surgindo, novos teóricos dedicando-se ao tema e todos lutando por um método alfabetizador de qualidade.
Sabemos que este processo não é fácil, em entrevistas de educadores ou teóricos, seja em revistas ou jornais, vemos o porquê da dificuldade em alfabetizar e ser alfabetizado, porém com muito estudo e informação (embasamento teórico) se chegará a uma prática educativa com êxito, onde o estudante não seja prejudicado, tenha prazer ao aprender e a qualidade na educação possa florescer de vez, pois é frustrante para qualquer educador saber que em seu país existem ainda muitos analfabetos funcionais e que essa realidade muda a passos lentos.

2 CAMINHOS PERCORRIDOS ATÉ DESCOBRIR O PRINCÍPIO ALFABÉTICO

2.1 ALFABETIZAÇÃO: CONCEPÇÕES E CAMINHOS

Vivemos uma época onde a tecnologia toma conta, a criminalidade está aumentando, as diferenças sociais cada vez mais presentes e o etnocentrismo cada vez mais forte, por sua vez, a educação também está decaindo. É constante ouvirmos teóricos, estudiosos ou professores falarem que a qualidade da educação é importante porque através dela podemos mudar o mundo, os problemas sociais diminuirão, as pessoas terão um emprego melhor, mas se não forem alfabetizadas, os problemas irão aumentar. A educação é apenas o primeiro passo para mudar esta realidade, mas ela não faz milagres, pois se assim fosse não existiria tantos problemas sociais, pois quem mais os provocam são os chamados letrados, PHDS, a burguesia, é por causa deles que vivemos assim. Rousseau nos diz que a sociedade é quem nos destrói, somos obrigados a fazer algumas coisas que não sabemos se é positivo ou não, para ele “o homem nasce puro, bom e a sociedade que o corrompe” e "O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado”. Ele nos diz que a criança já aprende dentro da barriga da mãe e seu processo educacional deve ser o mais livre e “lúdico” possível. Mas afinal, o que é alfabetização?
Alfabetizar para mim é mostrar para a criança um mundo totalmente novo, é ensiná-la a ler o mundo, olhar a sua volta e imaginar, compreender, é o levar para uma realidade intelectual onde passará a fazer parte dos padrões educacionais estipulado pela sociedade a qual nos submetemos. É estarrecedor quando ouvimos determinados políticos e apresentadores de T.V dizerem que a pessoa só é reconhecida como ser humano quando aprende a ler e escrever, “é através da alfabetização que nos reconhecemos como pessoas”, pobres coitados, se fossem letrados não falariam tanto porcaria, você é um ser humano não importa se é ou não alfabetizado. Para Fídias Teles (2004), “[...] alfabetizar é um é um processo de construção, onde o sujeito constrói seu conhecimento a partir de reflexões e conflitos de suas hipóteses de escritas [...] desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita”. Já para (Augusta Schimidt, 2002), “Alfabetizar é acender uma luz que jamais será apagada. É iluminar um futuro próximo e também distante. É deixar uma marca útil que se eternizará. Alfabetizar é mais uma forma de amar”.
Para a criança que está em processo alfabetizatório, a princípio existem apenas desenhos, símbolos e aos poucos aprenderá que letras e números existem e eles nos fazem compreender as coisas. Cagliari (1998, p.108) diz que,

[...] as crianças usam os desenhos como forma de representação gráfica e são capazes de contar uma história longa como significação de alguns traços por elas desenhados [...]. Elas também podem usar ‘marquinhas’, individuais ou estabelecidas por um consenso de grupo, para representar aquilo que ainda não sabem escrever com letras.

Em suas primeiras tentativas aparecem símbolos que já não são mais desenhos e logo surgem algo parecido com as letras, e neste período a criança passa a associar as coisas grandes as palavras grandes e as coisas pequenas as palavras pequenas. Piaget (1967) nos explica isso, para ele “em um determinado momento de seu estágio de desenvolvimento cognitivo, a criança concebe a palavra e o objeto como uma mesma coisa” ele chamou isso de Realismo Nominal.
Uma psicóloga e educadora curitibana chamada Simons, criou um Manual de Avaliação do Nível de Aquisição Da Leitura e Escrita. Em uma palestra que assisti dela, esta mostrou um dos testes de seu manual, onde havia o desenho da tartaruga e do boi a as palavras próximas dos desenhos, ela pediu pra que o menino de 6 anos dissesse qual palavra era do boi a qual da tartaruga, ele apontou a palavra tartaruga sendo do boi, pois como o boi é grande ele imaginou assim e a tartaruga por ser lenta e pequena imaginou a palavra boi como sendo dela.
Emília Ferreiro (1974) foi uma aluna de Piaget e através de seus ensinamentos pesquisou e estudou sobre a alfabetização de crianças de classe baixa, para ela, a alfabetização acontece respeitando a individualidade de cada aluno e seu ritmo, trabalhando com os níveis de aquisição do processo da escrita. Em sua pesquisa percebeu que as crianças passam por determinados períodos que são: Nível pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e o alfabético.


  •   Nível Pré-Silábico-a criança ainda não compreende que as palavras possuem som; ela tenta diferenciar a escrita do desenho e percebe que para escrever uma palavra é necessário mais que três letras, alem de associar as palavras ao tamanho.
  •     Nível Silábico: já compreende que as palavras são diferenciadas pelos sons que possuem, em momentos usa somente consoantes em outros vogais, repete letras e inventa letras também.
  •    Silábico-Alfabético: a criança compreende que as palavras podem produzir sons diferentes (s,ss,c,ç...) 
  •       Nível Alfabético-a criança agora já entende que a sílaba pode ser separada, que as palavras não ficam apenas inteiras.

O método de Emília Ferreiro é aquele que chamamos de construtivismo, porém cabe a cada educador buscar a melhor forma de alfabetizar seus alunos. Como diz Ferreiro, "... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa"

2.2 MÉTODOS E ASPECTOS LEGAIS

A legislação brasileira não nos deixa claro em alguns momentos sobre a alfabetização em sala de aula, mas ela deve ser aplicada no Ensino Fundamental. Conforme a LDB 9394/96,
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.

Já os métodos utilizados são muitos, porém a história nos mostra alguns deles:


  •   Fônico: é um método behaviorista, onde a decoreba e o mecanicismo fazem parte. Não vem a criança como alguém que precisa aprender com cuidado, amor, que ela decore, uma atividade que adoram fazer é o ditado de palavras.
  •    Global: busca fazer com que a criança reconheça a palavra que esta aprendendo. Ele compõe a palavração, que é o estudo da palavra por completo, a sentenciação, onde a colaboração de todos é fundamental e o conto, busca fazer com que a criança entenda o que está escrito.
  •    Construtivista: é o método que falamos ainda pouco de Emilia Ferreiro.
  •     Paulo Freire, o grande educador brasileiro, é alfabetizar adultos, buscando a sua própria realidade para isso.

4 CONCLUSÃO

Trabalho a muito pouco tempo na área educacional, mas o suficiente para saber que educar vai muito além que ensinar o aluno a ler, escrever, é ensina-lo a ver o mundo das palavras e entender o mundo como um todo. Creio que a alfabetização é complexa, porém com muito estudo, leitura e uma prática educativa com erros e acertos, avançaremos com sucesso, teremos uma educação de muita qualidade.

5 REFERÊNCIAS

CAGLIARI, L.C. “Alfabetizaqção sem o ba, bé, bí, bó, bú”, São Paulo: Scipione, 1998.
FERREIRO, EMILIA. Disponível em Caderno de Estudos da Disciplina.
LDB-Lei de Diretrizes e Bases – disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm
PIAGET. Jean – disponível em www.wikipédia.com
ROUSSEAU, Jean-Jacques. “Do Contrato Social” - São Paulo: Editor Martin Claret, 2007.
SCHIMIDT, Augusta. Blog Adoro Alfabetizar.
SIMONS. Ursula. “Manual de Avaliação do Nível de Aquisição Da Leitura e Escrita” – sem editora.
TELES, Fídias. “Dimensões da Angustia Humana” Erechin – RS: Editora e Gráfica São Cristóvão –, 2004.