quinta-feira, 20 de junho de 2013

A ludicidade na educação infantil

A educação e sua eterna complexidade. Desde sua história, inúmeros conceitos e concepções surgiram. Criou-se a educação infantil, onde de início, era um local, um ambiente para apenas cuidar de crianças, não visando seu desenvolvimento integral. Hoje tudo é diferente.  A educação infantil evoluiu, passou-se a dar mais atenção ao desenvolvimento total da criança, como sendo um sujeito de direitos, que precisa ser cuidada, amada, respeitada e desenvolvida em todos os seus aspectos bio-psicomotores.
O lúdico, a brincadeira é o método mais utilizado na educação infantil, pois é através deste que a criança expõe boa parte de seus sentimentos, frustrações, realizações e adquire sua autonomia. Carlos Drummond nos diz que “Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é velos sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”. [1]
Ou seja, a escola não deve ser um espaço onde a criança fique enjaulada e sendo obrigada a engolir todo o conteúdo pragmático exposto pelo professor, mas sim um lugar onde ela possa principalmente, ter liberdade para brincar.
O ser humano naturalmente adora brincar. Mesmo nós adultos brincamos e nos divertimos, estamos sempre buscando a criança escondida dentro de nós.
São inúmeras as brincadeiras que nos traz lembranças maravilhosas de nossa infância e que foram passadas de geração em geração. Podemos destacar as mais recreativas, o esconde-esconde, pega-pega, jogar bola, brincar de taco, bola de gude, casinha, betes, carrinho, de boneca, entre outras brincadeiras que nos deixavam na rua até altas horas da noite e embalava nossa infância, o que está se tornando cada vez mais raro, em “virtude” da mecanização da sociedade, das praças e ruas cimentadas, da tristeviolência  que está a nossa volta.  Faltam os campos cheios de grama e areia, as árvores onde nos pendurávamos e pulávamos arriscando nossas frágeis perninhas, os matagais onde nossos amigos levaram tempo nos procurando na brincadeira de esconde-esconde e as árvores frutíferas que nos alimentavam quando nos esquecíamos de ir para casa almoçar.  O capitalismo está corroendo até nossas crianças, nos tornamos uma sociedade fetichizada, como já disse no século passado o grande Karl Marx.
Temos também as brincadeiras que exigem limites e regras, e que devem ser utilizadas na educação infantil, porém de forma sábia, são os conhecidos jogos. O brincar dá prazer ao ser humano. É um momento de imaginação, diversão, de profundidade, internalização com o mundo interior e exterior, comunicação, expressão, ação, exploração, é   um meio de aprender a viver, uma eterna descoberta. A Proposta Curricular de Santa Catarina em suas extensas e vastas páginas nos fala sobre o ato de brincar, onde o professor deve: “[...] organizar as ações da escola com base nos jogos e brincadeiras, visando construir na criança conhecimentos sobre o mundo, sempre levando em consideração os contextos a qual ela está inserida”.[2]
Ou seja, está bem claro que a brincadeira é muito importante para o ser humano em todos os seus aspectos. É importante fazer da brincadeira uma prática problematizadora, onde a criança busque resolvê-la de forma lúdica, sadia, olhando o ambiente onde está inserida e as formas de comunicação a sua volta. Ainda a mesma Proposta Curricular de Santa Catarina, nos diz,  “A ludicidade é outro fator importantíssimo para se trabalhar com as crianças de zero a seis anos, pois através do brinquedo ela interage com o mundo, com sua imaginação, seu corpo, sua vida, sua totalidade”.(P.C.S.C, 2005, pg. 58). [3]
Sendo assim, devemos “sempre” seguir as normas que regem nosso Estado e como educadoras levar a bandeira da brincadeira em nosso cotidiano escolar.

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA VISÃO DE VYGOTSKY

Lev Semenovitch Vygotsky foi um educador muito importante na história educacional mundial. É dele a conhecida teoria interacionita sócio-histórica, onde tanto trabalhamos, estudamos e observamos em sala de aula.
Ele nos diz que a vivência em sociedade é extremamente importante para o desenvolvimento humano, que o homem transforma-se através do convívio com os outros e uma forma da criança socializar-se com o mundo a sua volta, é através da brincadeira grupal. Para aplicar na prática sua teoria do desenvolvimento intelectual é preciso que a criança o adquira socialmente, ou seja, para ele todo o conhecimento é adquirido e construido em sociedade. Sendo assim, o professor deve propiciar momentos de interação entre os educandos, onde eles possam socializar suas brincadeiras, trocar ideias, conceitos, ideais, mas sempre é preciso lembrar que o educador jamais deve interferir no brincar da criança, conforme o pensador em questão é preciso deixar a criança brincar livremente, o professor deve ser mediador, observador, das suas ações.
É importante que coloque à frente da criança brinquedos de diversas cores, tamanhos, expesuras e deixar que ela escolha livremente qual brincadeira quer e com qual amigo deseja brincar. Para ele a brincadeira preenche todas as necessidades que a criança venha ter em sua infância, ele entende o termo necessidade como uma motivação do ser humano e não apenas como algo de sobrevivência, de necessidade física. Vygotsky (1996, p. 121), nos diz que brincadeira é,  [...] “Tudo aquilo que é motivo para a ação” [...] é uma atividade caracterizada por ações que satisfazem necessidades.[4]
A brincadeira é muito importante para o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos. Vygotsky nos fala sobre a importância do jogo também porque atua na zona de desenvolvimento proximal, ou seja, faz com que o sujeito crie condições de adquirir conhecimento, valores, socialize e imagine fatos e situações problematizadoras. É na brincadeira que ela adquirirá  conceitos importantes perante a sociedade, como regras, comportamentos, hábitos e internalizará seu mundo real com o imaginário ativando seu desenvolvimento cognitivo.  Ele analisa os jogos que desenvolvem a memória como de suma importância para a criança, ela sempre os brincará em conjunto e sua teoria sempre está baseada na relação em grupo. Segundo Vygotsky (1996, p. 128)[5]
“O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma”. (VIGOTSKY, 1996, p. 128).  

É evidente que a teoria de Vygotsky está baseada na interação que o indivíduo tem com o mundo a sua volta e é através das brincadeiras na educação infantil que a criança terá este convívio mais intenso, pois o brincar é o método mais utilizado neste período e ele destaca que o brincar é o que realmente desenvolve positivamente a criança em todo seu aspecto intelectual.



[2] PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA. Secretaria Estadual de Educação e Desporto, 2005.
[3] Obra citada, pg. 58
[4]  VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1996, p. 121.
[5] VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1996, pg. 128

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