terça-feira, 25 de junho de 2013

VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE NA JUVENTUDE

A violência está tomando conta da sociedade Latino-Americana, e infelizmente o Brasil mais uma vez é o campeão em criminalidade.
É estarrecedor saber que as pessoas estão cada vez mais violentas, os jovens entregando-se aos vícios, a educação em decadência e os problemas sociais aumentando. Onde estão as autoridades que não olham para nossos jovens? E as instituições educacionais, estão cumprindo a sua função social? Quais as circunstâncias que levam um jovem a tornar-se agressivo? São estas e muitas outras perguntas que buscaremos responder neste pequeno artigo, visando à educação como agente de mudança, para que seja aplicado na prática o que diz o filósofo Pitágoras (570 a.C), “Eduque uma criança e não será  preciso punir o homem”.

1.    VIOLÊNCIA NA JUVENTUDE

Atualmente vive-se em uma sociedade onde a corrupção, guerra, desamor, desunião e a violência estão muito presentes. É comum ouvirmos e lermos noticiários de filhos que assassinaram seus pais, maridos que mataram esposas, brigas que acabam em tiroteio, tráfico de drogas, violência no trânsito, enfim, a sociedade está em decadência!
Ao analisar estes fatos, penso ainda mais sobre o nosso papel social como educadoras, pois somos agentes de mudança, podemos fornecer a nossos educandos uma vida saudável, baseada na qualidade da educação, sendo assim, fico estarrecida ao saber que muitos “professores” contribuem para a evolução da violência, seduzindo sexualmente ou moralmente seus alunos, através de chantagens e autoritarismo.
Pensamos que nada temos a ver com a violência, se não roubamos, não batemos, não consumimos drogas, então não somos violentos. Será mesmo? É claro que não! As palavras mal empregadas nos momentos errados, o exibicionismo, etnocentrismo, os olhares maliciosos, também são formas de violência.
Em certos momentos encontro-me filosofando: o que está acontecendo com a juventude brasileira? Conforme pesquisas realizadas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (2008), é grande a porcentagem de jovem envolvidos em crimes como assassinatos, estupros, drogas, entre outros. A pesquisa diz que cerca de 40% dos homicídios dolosos ocorridos em nosso país, são praticados por jovens entre 18 e 24 anos, 11% por adolescentes entre 12 e 17 anos, ou seja, a juventude corresponde a 51% da criminalidade brasileira, sendo que 36% deste total são pessoas que fazem parte da classe media alta, conforme a pirâmide social.
É inacreditável que a maioria dos jovens que praticam crimes, pertencem  a classe alta da pirâmide social. Eles "naturalmente" já possuem tanta coisa e ainda querem mais, sempre correndo atrás de dinheiro e poder, ao serem presos acabam ganhando regalias, pois podem pagar, e ao saírem, cometem ainda mais crimes, têm a certeza que não serão punidos, o que não ocorre com o pobre. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo e educador escreveu em sua obra “Do Contrato Social” algo para refletirmos:

“Não há liberdade sem igualdade, ninguém deve ser tão rico que possa comprar alguém, e nem tão pobre que possa vir a vender-se [...] o homem nasceu livre e por todas as partes encontra-se a ferros”.(ROUSSEAU, 2003).[1]

Ou seja, o grande responsável pela ruína da sociedade é o capitalismo que faz dos  nossos jovens, zumbis a fim de roubar para possuir bens materiais, dinheiro, luxo, roupas, sapatos, joias. Não podemos deixar de falar sobre o apoio negativo da mídia que psicologicamente seduz as pessoas para que comprem, consumam tudo o que ela mostra, e eles entendem que precisam obter tal coisa nem que para isso tenham que matar, roubar, espancar.
A juventude está sempre ameaçada pelas ondas do crime, quando saem para danceterias noturnas, acabam envolvendo-se em brigas, morte, prostituição, além de traficar e consumir drogas, muitos deles para consumi-la roubam de seus pais, familiares, vizinhos e depois lojas, bancos, vivendo como mendigos, foragidos da justiça, procurados pela polícia como criminosos e ao serem presos são mortos, estuprados, massacrados ou espancados em presídios.
Para contribuir com a má situação social do Brasil, agora surgiu outro tipo de violência, a do trânsito. Ao saírem para curtir a vida, como eles dizem, consomem entorpecente e grande quantidade de álcool, sem limites entram em seus carros, pegam as estradas, como se estivessem na Fórmula I, com velocidade altíssima e acidentam-se, perdem a vida, tiram a vida de pessoas inocentes, deixando para trás uma existência inteira e feridas que jamais serão curadas naqueles que os amam. Segundo estatísticas, 35 mil pessoas morrem por ano no país em razão de acidentes de trânsito. Desses, um quinto são jovens com idade entre 18 e 29 anos. 
Há também aquela violência causada por grupos, as chamadas gangues armadas, que para obter poder nas comunidades, aterrorizam a vida de inocentes, trabalhadores, enfim, da comunidade em geral. Muitos jovens para impressionar uma mocinha, para irritar seus pais, entram em gangues e acabam suicidando sua alma. Fídias Teles (2004), diz:

“[...] assim os jovens perdem a consciência critico analítica e o equilíbrio emocional, deixando-se conduzir por qualquer grupo oportunista e explorador. É assim que o mais supostamente equilibrado dos homens pode ser induzido a praticar atos dos mais irracionais, excitado por grupos revolucionários, cujos meios e finalidades não foram questionados por ele”.(TELES, 2004, p.95).[2]

Nos vem a seguinte pergunta: Qual o papel da escola e do educador na construção da sociedade? Podemos dizer que as instituições de educação não cumprem corretamente o seu papel social? Seu currículo precisa ser revisto? 
Educar vai além de ensinar, é preciso cuidar, alfabetizar, amar!


2.    AGRESSIVIDADE NA JUVENTUDE

O ser humano já é agressivo por natureza, é o que dizem religiosos, alguns estudiosos e populares, mas será mesmo? Rousseau nos diz que o homem nasce bom, puro, mas que é a sociedade que o corrompe. Se pararmos para pensar a história do homem desde a sua existência até os dias atuais, vivemos em eterna agressividade, pois não vivemos sozinhos, e sim em comunidades. Concordo com ele, pois nascemos bons, não há maldade em uma criança, mas no momento em que ela passa a ver o que acontece na sociedade, ela quer imitar, então a sociedade vai a corrompendo. A agressividade sempre existiu não tão intensa e deflagrada como agora, mas na idade da pedra haviam brigas, as guerras ocorreram com a evolução do mundo (sociedade), agressividade gera agressividade.
É muito comum vermos brigas entre amigos de escola, de casais, pais e filhos, brigas no trânsito e o mais impressionante é que mais uma vez o jovem é apontado como o mais agressivo. Bater, espancar, machucar, muitos acham legal, bonito, isso mostra poder, pobres coitados, isso só mostra como suas almas são pequenas e como precisam urgentemente de ajuda.
Para Fídias Teles os motivos da agressividade são:

“A civilização desenvolveu valores responsáveis pela intensificação da agressividade, posse, poder, prestígio, competição obsessiva e uma série de fatores patriarcais e escravocratas [...] a agressividade intensificou-se com a civilização e seus valores”(TELLES, 2004, p.143).[3]

Ou seja, mais uma vez a busca por poder mostra o porquê da agressão na juventude. Mas agora me pergunto: cadê a escola que não possui projetos para intensificar a conscientização e o desejo de mudança? Uma pergunta que espero estar respondida dentro do coração de cada educador, que como eu, deseja mudar a sociedade.

3.    CONCLUSÃO

Após meditar, ler, observar, concluo que se mudarmos a forma de pensarmos, talvez mudaremos a sociedade, mas se juntos aplicarmos na prática o nosso pensamento, com certeza teremos a mudança. Como educadora, faço e continuarei fazendo e tenho a certeza de que se não conseguir sozinha mudar alguma coisa, descansarei em paz, pois posso dizer que pelo menos eu tentei fazer algo.






[1] Rousseau, J-J. “Do Contrato Social”. 7ª edição. São Paulo - SP, Hemus, 2003.
[2] Teles, Fídias. “Dimensões da Angústia Humana” –Gráfica São Cristovão –Erechim –RS, 2004.
[3] Teles, Fídias. “Dimensões da Angústia Humana” –Gráfica São Cristóvão –Erechim-RS, 2004.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A ludicidade na educação infantil

A educação e sua eterna complexidade. Desde sua história, inúmeros conceitos e concepções surgiram. Criou-se a educação infantil, onde de início, era um local, um ambiente para apenas cuidar de crianças, não visando seu desenvolvimento integral. Hoje tudo é diferente.  A educação infantil evoluiu, passou-se a dar mais atenção ao desenvolvimento total da criança, como sendo um sujeito de direitos, que precisa ser cuidada, amada, respeitada e desenvolvida em todos os seus aspectos bio-psicomotores.
O lúdico, a brincadeira é o método mais utilizado na educação infantil, pois é através deste que a criança expõe boa parte de seus sentimentos, frustrações, realizações e adquire sua autonomia. Carlos Drummond nos diz que “Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é velos sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”. [1]
Ou seja, a escola não deve ser um espaço onde a criança fique enjaulada e sendo obrigada a engolir todo o conteúdo pragmático exposto pelo professor, mas sim um lugar onde ela possa principalmente, ter liberdade para brincar.
O ser humano naturalmente adora brincar. Mesmo nós adultos brincamos e nos divertimos, estamos sempre buscando a criança escondida dentro de nós.
São inúmeras as brincadeiras que nos traz lembranças maravilhosas de nossa infância e que foram passadas de geração em geração. Podemos destacar as mais recreativas, o esconde-esconde, pega-pega, jogar bola, brincar de taco, bola de gude, casinha, betes, carrinho, de boneca, entre outras brincadeiras que nos deixavam na rua até altas horas da noite e embalava nossa infância, o que está se tornando cada vez mais raro, em “virtude” da mecanização da sociedade, das praças e ruas cimentadas, da tristeviolência  que está a nossa volta.  Faltam os campos cheios de grama e areia, as árvores onde nos pendurávamos e pulávamos arriscando nossas frágeis perninhas, os matagais onde nossos amigos levaram tempo nos procurando na brincadeira de esconde-esconde e as árvores frutíferas que nos alimentavam quando nos esquecíamos de ir para casa almoçar.  O capitalismo está corroendo até nossas crianças, nos tornamos uma sociedade fetichizada, como já disse no século passado o grande Karl Marx.
Temos também as brincadeiras que exigem limites e regras, e que devem ser utilizadas na educação infantil, porém de forma sábia, são os conhecidos jogos. O brincar dá prazer ao ser humano. É um momento de imaginação, diversão, de profundidade, internalização com o mundo interior e exterior, comunicação, expressão, ação, exploração, é   um meio de aprender a viver, uma eterna descoberta. A Proposta Curricular de Santa Catarina em suas extensas e vastas páginas nos fala sobre o ato de brincar, onde o professor deve: “[...] organizar as ações da escola com base nos jogos e brincadeiras, visando construir na criança conhecimentos sobre o mundo, sempre levando em consideração os contextos a qual ela está inserida”.[2]
Ou seja, está bem claro que a brincadeira é muito importante para o ser humano em todos os seus aspectos. É importante fazer da brincadeira uma prática problematizadora, onde a criança busque resolvê-la de forma lúdica, sadia, olhando o ambiente onde está inserida e as formas de comunicação a sua volta. Ainda a mesma Proposta Curricular de Santa Catarina, nos diz,  “A ludicidade é outro fator importantíssimo para se trabalhar com as crianças de zero a seis anos, pois através do brinquedo ela interage com o mundo, com sua imaginação, seu corpo, sua vida, sua totalidade”.(P.C.S.C, 2005, pg. 58). [3]
Sendo assim, devemos “sempre” seguir as normas que regem nosso Estado e como educadoras levar a bandeira da brincadeira em nosso cotidiano escolar.

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA VISÃO DE VYGOTSKY

Lev Semenovitch Vygotsky foi um educador muito importante na história educacional mundial. É dele a conhecida teoria interacionita sócio-histórica, onde tanto trabalhamos, estudamos e observamos em sala de aula.
Ele nos diz que a vivência em sociedade é extremamente importante para o desenvolvimento humano, que o homem transforma-se através do convívio com os outros e uma forma da criança socializar-se com o mundo a sua volta, é através da brincadeira grupal. Para aplicar na prática sua teoria do desenvolvimento intelectual é preciso que a criança o adquira socialmente, ou seja, para ele todo o conhecimento é adquirido e construido em sociedade. Sendo assim, o professor deve propiciar momentos de interação entre os educandos, onde eles possam socializar suas brincadeiras, trocar ideias, conceitos, ideais, mas sempre é preciso lembrar que o educador jamais deve interferir no brincar da criança, conforme o pensador em questão é preciso deixar a criança brincar livremente, o professor deve ser mediador, observador, das suas ações.
É importante que coloque à frente da criança brinquedos de diversas cores, tamanhos, expesuras e deixar que ela escolha livremente qual brincadeira quer e com qual amigo deseja brincar. Para ele a brincadeira preenche todas as necessidades que a criança venha ter em sua infância, ele entende o termo necessidade como uma motivação do ser humano e não apenas como algo de sobrevivência, de necessidade física. Vygotsky (1996, p. 121), nos diz que brincadeira é,  [...] “Tudo aquilo que é motivo para a ação” [...] é uma atividade caracterizada por ações que satisfazem necessidades.[4]
A brincadeira é muito importante para o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos. Vygotsky nos fala sobre a importância do jogo também porque atua na zona de desenvolvimento proximal, ou seja, faz com que o sujeito crie condições de adquirir conhecimento, valores, socialize e imagine fatos e situações problematizadoras. É na brincadeira que ela adquirirá  conceitos importantes perante a sociedade, como regras, comportamentos, hábitos e internalizará seu mundo real com o imaginário ativando seu desenvolvimento cognitivo.  Ele analisa os jogos que desenvolvem a memória como de suma importância para a criança, ela sempre os brincará em conjunto e sua teoria sempre está baseada na relação em grupo. Segundo Vygotsky (1996, p. 128)[5]
“O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma”. (VIGOTSKY, 1996, p. 128).  

É evidente que a teoria de Vygotsky está baseada na interação que o indivíduo tem com o mundo a sua volta e é através das brincadeiras na educação infantil que a criança terá este convívio mais intenso, pois o brincar é o método mais utilizado neste período e ele destaca que o brincar é o que realmente desenvolve positivamente a criança em todo seu aspecto intelectual.



[2] PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA. Secretaria Estadual de Educação e Desporto, 2005.
[3] Obra citada, pg. 58
[4]  VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1996, p. 121.
[5] VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1996, pg. 128